quinta-feira, 14 de maio de 2009

Internet e Jornalismo

A Internet tem vindo a causar alterações profundas na área do jornalismo. O fenómeno é ainda recente, mas os profissionais da área não tardarem a perceber que a Internet é um meio com um potencial enorme na melhoria do trabalho jornalístico e, por isso, o uso deste meio tornou-se incontornável na rotina jornalística. A principal razão para o sucesso da Internet é o facto de ela ser sinónimo de autonomia e possibilitar o trabalho de recolha de dados. Esta característica é, aliás, a que mais distingue a Internet dos outros meios de comunicação social. Luís Nogueira refere que “em relação aos media tradicionais, em que o arquivo não estava disponível em tempo real, a grande vantagem da Internet é que a capacidade de indexação, aliada ao poder de computação e de armazenamento da informação, torna toda a informação virtualmente imediata''.

O aumento do volume de informações e da velocidade noticiosa e as novas formas de contactar os agentes da notícia são algumas das alterações sofridas pelo jornalismo em consequência do aparecimento da Internet. Por isso, o impacto das novas tecnologias na prática jornalística tornou-se num novo e vasto campo de pesquisa para os investigadores do fenómeno.

Com a ascensão dos noticiários online, surgiram os conceitos de ciberjornalismo e jornalismo assistido por computador (JAC).

O ciberjornalismo não é mais do que a interacção entre repórteres e audiência, via online. Depois do jornalismo impresso, radiofónico e televisivo, surge um quarto género de jornalismo, indissociável das novas tecnologias e com potencial para superar os meios tradicionais, que há muito já asseguraram a sua posição no panorama global. Nascido aquando do boom da Internet, o ciberjornalismo distingue-se do jornalismo tradicional por apresentar três características que nenhum outro meio havia concentrado em si: a multimedialidade, a hipertextualidade e a interactividade.
Em ciberjornalismo, escrever não constitui apenas produzir um texto e publicá-lo. Segundo Hélder Bastos, passa por “explorar todos os formatos possíveis a ser utilizados numa estória de modo a permitir a exploração da característica-chave do novo medium: a convergência”.

O conceito de Jornalismo Assistido por computador traduz as inovações e alterações pertinentes que o computador e, nomeadamente, a Internet, vieram trazer ao jornalismo nas suas vertentes mais distintas: recolha de notícias, tratamento e difusão. Neste âmbito, O computador é visto sobretudo como ferramenta de trabalho do jornalista na sua actividade diária e não na possibilidade de ponto de difusão de notícias. Contudo, o conceito de Jornalismo assistido por computador comporta também a forma de difusão das notícias, não já em papel, mas em suporte online.

A Internet e o jornalismo online também acarretam desafios e várias questões no campo jornalístico. A questão mais pertinente que tem vindo a ser discutida efusivamente tem a ver com o futuro dos jornais online e dos jornais em formato de papel. Muitos questionam se os jornais online terão a capacidade de eliminar os jornais impressos, em definitivo. Sabe-se que, pelo menos a médio prazo, não acontecerá. O investimento nos meios on-line, por parte dos jornais tradicionais, tem sido, geralmente, bem sucedido. As versões on-line dos jornais tradicionais de qualidade contabilizam-se entre os sites mais acedidos. No entanto, o preço crescente dos jornais e as crescentes potencialidades da informática, nomeadamente a capacidade de se poder aceder a conteúdos noticiosos com facilidade e de forma gratuita, podem, a longo prazo contribuir para que o jornal online esmague os jornais tradicionais e assuma o lugar cimeiro no top dos mais lidos.

Se, há algum tempo atrás, os jornais se debatiam com falta de informação, hoje a realidade é completamente diferente. A quantidade de informação online disponibilizada actualmente leva mesmo alguns autores a advogarem a evolução do jornalismo tradicional para um papel não de envio de mensagens para a audiência, mas antes de orientação do leitor. No fundo, o ciberjornalista tem que estar constantemente preocupado com a sua audiência, já que os leitores não só determinarão o sucesso ou o insucesso da notícia como também poderão interagir com o jornalista ou até com as fontes. Assim, segundo as palavras de Hélder Bastos, “a ênfase evoluirá do conteúdo para o contexto”.